O pas da frica que se tornou um 'cemitrio de eletrnicos' - Jornal Cruzeiro do Vale 2y3pt

O pas da frica que se tornou um 'cemitrio de eletrnicos' 385l6k

11/01/2016
O pa

Em um vasto lixo no oeste da capital de Gana, Acra, pequenas fogueiras queimam pilhas de velhos computadores, telas de TVs e laptops, lanando uma negra e espessa fumaa.Ao redor delas, catadores recolhem placas-me, metais valiosos e fios de cobre, queimando pelo caminho as capas de plstico – e, assim, enchendo o ar de substncias txicas.Trata-se de um dos maiores “cemitrios de eletrnicos” do mundo, e um dos locais mais poludos do planeta.A cada ano centenas de milhares de toneladas de lixo eletrnico vindos da Europa e da Amrica do Norte encontram neste espao seu destino final, no qual tm seus metais valiosos extirpados em uma forma rudimentar de reciclagem.Para muitos, um negcio lucrativo em um pas onde perto de um quarto da populao vive abaixo da linha da pobreza.“ algo instantneo”, diz Sam Sandu, um sucateiro que trabalha no local. “Voc trabalha nisso hoje e consegue seu dinheiro no mesmo dia.”Especialistas alertam, porm, que as toxinas do lixo esto lentamente envenenando os trabalhadores locais, ao mesmo tempo em que poluem o solo e atmosfera.“Mercrio, chumbo, cdmio, arsnico – estas so as quatro substncias mais txicas [no mundo], e so encontradas em grandes quantidades em lixes de eletrnicos”, explica Atiemo Smapson, um pesquisador da Comisso de Energia Atmica de Gana, que conduziu vrios estudos sobre a rea de Agbogbloshie, usada para o despejo.Uma gama de doenasDe acordo com a Organizao Internacional do Trabalho, ainda no foram realizados estudos de longo prazo sobre a sade daqueles que tiram seu sustento desses lixes. Ou seja, h poucas informaes sobre o nmero de pessoas que ficaram doentes ou morreram como resultado desse tipo de atividade.No entanto, a exposio a essas toxinas causa conhecida de uma gama de males, que vo desde a uma srie de tipos de cncer a doenas no corao e respiratrias.“As consequncias j so, de certa forma, evidentes”, afirma Sampson. “Ns no precisamos esperar 10 ou 20 anos, os efeitos j so visveis entre a comunidade ganense.”Analistas estimam que o mundo vai produzir 93 milhes de toneladas de lixo eletrnico apenas neste ano – um volume cada vez maior resultado da obsolescncia de produtos de alta tecnologia.Boa parte desses eletrnicos vai terminar em diversos lixes na frica e na sia, em vez de serem reciclados no pas em que foram vendidos.O papel dos fabricantesEm Gana, ativistas afirmam que boa parte desse envio ilegal – infringindo regras da Unio Europeia que baniram a exportao de eletrnicos para descarte em pases em desenvolvimento.Entretanto, acredita-se que a maioria chega por meio da importao legal de produtos de segunda mo, enviados para alimentar a crescente demanda por eletrnicos baratos em economias como a do pas.Sampson afirma que os fabricantes tm uma responsabilidade e devem colaborar para a “limpar a baguna” que seus produtos ajudaram a fazer.“Concordo que temos uma lacuna tecnolgica que deve ser preenchida”, diz. “Mas h, ao redor do mundo, uma crescente viso de que o fabricante do equipamento deve lidar com a responsabilidade na gesto do ‘fim do ciclo’.”“Eles deveriam investir em sistemas de coleta, em programas de reciclagem na frica. Seria moral e legalmente correto.”Ento, por que os fabricantes de eletrnicos no fazem mais?Walter Alcorn o vice-presidente de assuntos ambientais na Consumer Technology Association – entidade que representa as empresas de tecnologia nos Estados Unidos.Segundo ele, os programas de coleta esto encorajando os consumidores a devolverem seus produtos velhos para reciclagem e prevenindo que eles sejam jogados fora e acabem, por exemplo, indo parar em pases em desenvolvimento.Mas Alcorn afirma que a diferena real ocorrer conforme os fabricantes eliminem gradativamente o uso de produtos qumicos perigosos e metais pesados.“Ns estamos lidando com um legado, com produtos que tm 10 ou 20 anos de idade”, ele diz.“Em ltimo caso, ns veremos isso ser eliminado nos prximos 10 ou 20 anos. Nossa responsabilidade bsica como indstria fabricar produtos que so ambientalmente seguros e que no iro criar esses problemas no futuro.”Problema enormeNo entanto, ao menos no curto prazo, o despejo de lixo eletrnico em lugares como Agbogbloshie continuar a crescer.E para especialistas como o cientista Hywel Jones, da Sheffield Hallam University, do Reino Unido, a soluo para o problema precisa ser compartilhada.Seu projeto “What’s In My Stuff” (algo como “O que h nas dentro das minhas coisas”, em traduo livre) tem o objetivo de educar as pessoas sobre os materiais encontrados em um smartphone, por exemplo, ao com a qual ele espera poder ajudar a tornar os consumidores mais ticos.“Dois bilhes de telefones celulares so fabricados todos os anos – j so mais de 15 bilhes desde 1994, e isso no conta cmeras, notebooks e TVs”, diz.“Ns temos um problema enorme e estamos comeando a consert-lo com muito atraso. A cincia e a tecnologia nos levaro l, mas em conjunto com o consumidor e o comportamento humano.” 4w5g2m

Fonte G1.com 415w5a

Comentrios 193p6c

Deixe seu comentrio n4n6x


Seu e-mail no ser divulgado.

Seu telefone no ser divulgado.