Frio chega com fora total em todo o Estado - Jornal Cruzeiro do Vale 1i6m5z

Ventos, geadas, chuva e muito frio. Esta a previso dos especialistas para o inverno em Santa Catarina. A estao mais fria do ano comea neste sbado, 21 de junho, mas o sul do pas j sente as conseqncias da chegada do frio h cerca de duas semanas.Na madrugada desta tera-feira, 17, Gaspar amanheceu coberta de geada. Campos de futebol, gramados, casas e carros apresentavam uma camada suave de gelo, registrando cenas tpicas de cidades europias.Segundo Marcelo Martins, meteorologista do Centro de Informao de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina, Ciram, o frio chegou para ficar e a tendncia de que os termmetros registrem temperaturas ainda mais baixas neste final de semana.A partir de hoje, sexta-feira, a formao de uma frente fria, associada a um sistema de baixa presso sobre o Rio Grande do Sul intensifica os ventos no estado, com rajadas em torno de 70km/h. Para o final de semana esperada a chegada da primeira massa de ar frio do inverno, que vem declinando novamente as temperaturas em todas as regies catarinenses. t4818

Previso
A previso do tempo para os meses de julho, agosto e setembro foi discutida por uma equipe da Ciram na tarde desta quarta-feira, 18. Segundo Marcelo, o estado registrar muita geada, em todas as regies, e com certeza haver neve nas cidades de Urubici, Urupema e So Joaquim. Para o Vale do Itaja a previso de frio semelhante a 2007. "A previso de temperaturas normais para o inverno. O que acontece que desde o ano 2000 o estado no registravas frios to intensos, ento a sensao da populao de muito frio", explica o meteorologista.

Famlias enfrentam frio e a falta de recursos
A previso de dias ainda mais frios assusta famlias como a de Maria Carneiro.
Natural do oeste de Santa Catarina, Maria veio para Gaspar h cerca de cinco meses, a procura de emprego e uma vida melhor para seus trs filhos, com idade de 13, 11 e 7 anos. "No imaginava que aqui fosse to frio, estamos sofrendo bastante com esta temperatura, pois no temos muitas roupas de inverno", revela.
Maria procurou a Conferncia Vicentina, entidade ligada Igreja Catlica que doa roupas para as famlias carentes da cidade, porm encontrou apenas alguns casacos para as crianas. "No temos cobertores e tambm no consegui calas e nem sapatos fechados. Estamos dormindo todos juntos para amenizar o frio da madrugada", conta.
Maria reside com os filhos, a me e dois irmos em um barraco simples, construdo em um pequeno terreno prximo a rua Amlia Schmitt, atrs do cemitrio, no bairro Santa Terezinha. No mesmo local moram outras seis famlias, todas sem energia eltrica e gua tratada.
A falta de energia eltrica ocasiona outro grande problema para estas famlias no inverno: a falta de um banho quente.
Adriana Silvestre da Paz, que tambm reside no local, conta que o pior da baixa emperatura no ter gua quente para dar banho nas crianas. "Temos que esquentar gua no fogo e tomar banho na bacia, pois temos um chuveiro, mas com gua fria. Precisvamos que esta situao mudasse, pois nossas crianas correm o risco de ficar doentes sem ter gua quente nestes dias frios", reclama a moradora.
Natural de Xaxim, Adriana diz estar acostumada com os dias gelados. "L na minha cidade era bem frio, ento estamos acostumados, mas ultimamente o clima tem esfriado muito aqui na regio, como nunca tinha feito antes. Temos casacos e cobertores para nos aquecer, mas nos falta a gua quente", relata.

Calados
Para Ivanete Nogueira dos Santos, vizinha de Adriana e Maria, o inverno a pior estao do ano. Ela mora em um pequeno barraco com o marido e trs filhos, com idade de 3, 8 e 10 anos, e conta que nem mesmo os cobertores so capazes de aquecer a famlia nas noites mais frias. "A madeira muito gelada e deixa ar todo o ar de fora para dentro de casa. Temos alguns cobertores para nos aquecer, mas ainda assim sentimos o frio", relata.
Segundo Ivanete, o maior problema do frio a falta de casacos para aquecer as crianas. "Temos bastante roupa que conseguimos de doao, mas no tenho calados fechados e as crianas tm que ir para a escola com os ps de fora. J tentei conseguir alguma coisa na Conferncia Vicentina, mas no tinham calados por l", conta a jovem me, que uma das muitas que sofre as conseqncias da desigualdade social do pas.

Comrcio lucra com a chegada do frio
Quem comemora a chegada do frio so os lojistas, que nesta semana viram os estoques de cobertores, casacos e roupas de l chegarem ao fim.
Cristiane Zaghini, secretria da Cmara de Dirigentes Lojistas, revela que foi possvel observar grande movimentao nas ruas da cidade nos ltimos dias. "Muitas pessoas no esperavam um frio to intenso e tiveram que sair para comprar casacos e roupas de l nesta semana", aponta a secretria, que revela que as lojas que registraram maior movimentao foram as lojas que comercializam roupas de cama, mesa e banho.
Maria Rosalina Lopes de Souza foi uma das muitas gasparenses que saiu de casa nesta semana para comprar um casaco para se aquecer neste inverno. "O frio chegou de vez e eu estou procurando alguma roupa bem quente para poder enfrent-lo", conta a moradora da Margem Esquerda, que encontrou diversas jaquetas, dos mais variados estilos e modelos, no Lojo do Povo. Andria dos Santos Beduschi, gerente da loja, revela que as vendas de roupas de inverno aumentaram muito nos ltimos dias. "Estamos muito satisfeitos, pois temos vendido muitos casacos, cobertores, luvas, cachecis. Estvamos preparados para vender bastante neste inverno e o estoque j est quase no fim", comemora a comerciante.
Na loja Mundo da Criana as jaquetas de inverno j acabaram e segundo Katiani Zimmermann, proprietria da loja, as vendas neste ano foram bem melhores que nos anos anteriores. "Com a chegada do frio, vendemos muitas roupas grossas nos ltimos dias", conta a lojista.

Campanha do Agasalho arrecada roupas, calados e cobertores
Com o objetivo de amenizar as dificuldades enfrentadas por famlias como a de Maria, Adriana e Ivanete, a Conferncia Vicentina realiza todos os anos a Campanha do Agasalho, promovida em parceria com diversas entidades do municpio.
Neste ano a campanha teve incio no dia 22 de maio e segue at final de julho. Segundo Jocenira Waltrick, que atua na Conferncia, muitas famlias procuraram a entidade nestes ltimos dias, quando as temperaturas baixaram em toda a regio. "Temos doado uma mdia de 800 peas de roupas por semana, mas ainda temos dificuldades em arrecadar cobertores e roupas de inverno", revela Jocenira.
Pessoas que quiserem contribuir com a Campanha do Agasalho podem procurar a Conferncia Vicentina, que funciona em uma pequena sala, junto ao Salo Cristo Rei, e fazer suas doaes.