Quem tem um cozinho para chamar de seu provavelmente j foi derrotado por ele em uma disputa olho-no-olho. No seria por menos. Poucos conseguem manter o rebolado e no se curvar quela carinha de d que os bichos fazem quando querem ateno. Parece, inclusive, que eles agem de propsito, escolhendo fazer suas poses nos momentos em que estamos com os olhos vidrados neles. Bom, segundo um novo estudo, exatamente isso que acontece.
O experimento que comprovou essa estratgia canina foi descrito no Scientific Reports, e contou com 24 cachorros – gentilmente emprestados por famlias alems. Havia no total 13 machos e 11 fmeas, de raas como boxer, labrador e border collie, todos com idade entre 1 e 12 anos. Enquanto tinham suas reaes mapeadas pela ferramenta DogFACS (sigla em ingls para Sistema de Decodificao Facial Canina), os participantes peludos foram testados sob trs situaes distintas.
Na primeira, um acompanhante humano dava toda a ateno para eles, enquanto mostrava deliciosos petiscos – que chamavam a ateno dos bons meninos. Em outro momento, os humanos tambm interagiam com os ces, mas sem usar nenhuma espcie de recompensa extra que pudesse conquist-los. O restante dos voluntrios foi aconselhado a ignorar completamente as pobres cobaias caninas, virando para a parede em vez de brincar com elas. Em todas as situaes, cada pessoa estava a um metro de distncia do seu respectivo cozinho.
Os resultados comprovaram aquilo que os pais e mes de pet sabem de trs para frente. Quando ganhavam ateno, os cachorros se comportavam de maneira muito mais expressiva. O interessante foi que, diferente do que podemos pensar em um primeiro momento, a existncia ou no de comida na jogada no fez diferena para esse comportamento.
Esse fato, segundo os cientistas, um indcio de que os cachorros usam suas caras e bocas realmente para se comunicar, e no s para manifestar emoes. Levantar as sobrancelhas e virar a cabea, para eles, quer dizer muito mais do que seu estado de esprito. “Esse movimento faz os olhos dos cachorros parecerem mais largos, e mais parecidos com os de um beb – o que tambm lembra a expresso que os humanos costumam fazer quando esto tristes”, contou Juliane Kaminski, que liderou a pesquisa, em entrevista National Geographic.
Segundo Kaminski e seu grupo, a incorporao desses traos tem relao com o tempo que os ces acumulam no posto de melhores amigos do homem – estima-se que eles foram domesticados h pelo menos 30 mil anos. Ento, no precisa ficar frustrado da prxima vez que for coagido por seu bichinho a sair para dar um eio. A espcie humana se rende fofura deles j h um bom tempo.
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