01/03/2018 451m60
Apesar de toda a alegria do carnaval ado em quase todas as cidades de nosso pais, h um manto de tristeza e desamparo que se pode ler nos rostos da maioria que encontramos nas ruas das grandes cidades como o Rio e So Paulo entre outras.
que politicamente o golpe parlamentar-jurdico-meditico (e hoje sabemos apoiado pelos rgos de segurana dos USA) nos fechou o horizonte. Ningum pode nos dizer para onde vamos. O que aponta de forma inegvel o aumento da violncia com um nmero de vtimas que se igualam e at superam as regies de guerra. E ainda sofremos uma interveno military no Rio de Janeiro.
Se bem observarmos, vivemos dentro de uma guerra civil real. As classes que j estavam abandonadas, agora o so mais ainda pelos cortes dos programas sociais que o atual governo de Estado de exceo imps a milhares de famlias.
Tnhamos sado do mapa da fome. Regressamos a ele. E no se diga que foram as polticas dos governos do PT. Essas nos tiraram do mapa. A aplicao rigorosa do neoliberalismo mais radical pela nova classe dirigente instalada no Estado, est produzindo fome e misria. O crescimento da viol ncia nas grandes cidades proporcional ao abandono a que foram submetidas.
As discusses dos vrios organismos, responsveis pela segurana, nunca vo raiz da questo. O real problema que no querem abordar reside na nefasta desigualdade social, vale dizer, na injustia social, histrica e estrutural sobre a qual est construda a nossa sociedade. A desigualdade social cresce quanto mais se concentra a renda e quanto mais avana o agronegcio sobre terras indgenas e dos povos da floresta e quanto mais se fazem cortes na educao, na sade e na segurana.
Ou se faz justia social nesse pais, que implica reformas: a agrria, a tributria, a poltica e a do sistema de segurana ou nunca superaremos a violncia. Ela tender a crescer em todo o pas.
Se um dia, o que tememos, a marginlia das grandes periferias abandonadas se rebelarem, por causa da fome e da misria e decidirem assaltar supermercados e invadir os centros urbanos, poder produzir um “bogotao” brasileiro como ocorreu nos meados do sculo ado em Bogot, destruindo, por semanas a fio, quase tudo que se via pela frente.
Estimo que as elites do atraso, apoiadas por uma mdia conservadora, por uma justia fraca, para no dizer cmplice e pelo aparato policial do Estado, reocupado por elas, podero usar de grande violncia, sem resolver mas agravando a situao.
Nesse quadro, como ainda alimentar a esperana de que o Brasil tem jeito e que podemos criar uma sociedade menos malvada,no dizer Paulo Freire?
Bem disse o bispo proftico, o ancio Dom Pedro Casaldliga l dos fundos do Araguaia matogrossense: portadores de esperana so aqueles que caminham e se empenham para superar situaoes de barbrie. Estas mudanas nunca viro de cima, nem do atual stablishment, viro de baixo, dos movimentos sociais organizados e com parcelas de partidos comprometidos com o bem-estar do povo.
O Papa Francisco ao reunir-se com os movimentos sociais latino-americanos em Santa Cruz de la Sierra na Bolvia, cunhou trs expresses resumidas nos trs T: terra para as pessoas produzirem, teto para se abrigarem e trabalho para ganharem sua vida.
Lanou um desafio: no esperem nada de cima pois vir sempre mais do mesmo; sejam vocs mesmos os profetas do novo, organizem a produo soliudria, especialmente a orgnica, reinventem a democracia. E sigam estes trs pontos fundmentais: a economia para a vida e no para o mercado; a justia social sem a qual no haver paz; e o cuidado com a Casa Comum sem a qual nenhum projeto ter sentido.
A esperana nasce deste compromisso de transformao. A esperana aqui deve ser pensada na linha do que nos ensinou o grande filsofo alemo Ernst Bloch que formulou “o princpio esperana”. Quer dizer, a esperana no uma virtude entre outras tantas. Ela muito mais: o motor de todas elas, a capacidade de pensarmos o novo ainda no ensaidado; a coragem de sonhar um outro mundo possvel e necessrio; a ousadia de projetar utopias que nos fazem caminhar e que nunca nos deixam parados nas conquistas alcanadas ou quando derrotados, nos fazem levantar para retomarmos a caminhada. A esperana se mostra no fazimento, no compromisso de transformao, na ousadia de superar obstculos e enfrentar os grupos de opressores.Essa esperana no pode morrer nunca.
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