10/08/2016 3yd29
O atual sistema politico e econnico parece obedecer lgica de bactrias dentro de uma “placa de Petri”. Esta um recipiente achatado de vidro com nutrientes para bactrias. Algumas espcies, quando pressentem que os nutrientes esto prestes a acabar, se multiplicam espantosamente para, em seguida, todas morrerem.
Algo parecido, a meu ver, est ocorrendo com o sistema do capital. Ele est se dando conta de que, devido aos limites intransponveis dos recursos naturais e da ultraagem da pegada ecolgica da Terra, pois precisamos j agora de um pouco mais de um planeta e meio (1,6) para atender as demandas humanas, ele no ter mais condies de, no futuro, se autoreproduzir. E no h outra alternativa, como advertiu o Papa em sua encclica Laudato Si seno ter que mudar de modo de produo e de consumo e ter que cuidar da Casa Comum, a Terra.
Qual a reao dos capitais produtivos e especulativos face a esse cenrio? semelhana das bacterias da “placa de Petri” multiplicam exponencialmente as formas de lucro, acumulando cada vez mais e se concentrando de maneira espantosa. Segundo dados publicados pelo economista L.Dowbor em seu site ((dowbor.org de 15/12/2015: A rede do poder corporativo mundial)), “apenas 737 principais atores (top-holders) detm 80% do controle sobre o valor de todas as empresas transnacionais.”
O poder econmico, politico e ideolgico que se esconde atrs destes dados espantoso. Adorador do dolo-dinheiro, este sistema se torna, no dizer do Papa no avio de regresso da Polnia, como “o verdadeiro terrorismo contra a humanidade”.
Ser que o sistema, inconscientemente, no est pressintindo como as referidas bactrias, de que pode desaparecer, caso no mudar? E ousa mudar?
No pensem os leitores/as que esta situao isenta a stima economia do mundo, o Brasil. Pertence “estupidez da inteligncia brasileira” no dizer de Jess Souza no inserir esse dado geopoltico nos debates sobre o impeachment e sobre a economia nacional, como por exemplo vem sendo feita h anos no programa da Globonews. A domina soberanamente o neoliberalismo. A ecologia e os movimentos sociais no existem para esse programa.
O real problema esse: com o PT, Lula e Dilma, o sistema mundial no consegue enquadrar o Brasil na lgica concentradora do capital globalizado. O povo e os pobres, diz-se, ganham demais em prejuzo do mercado e das grandes corporaes nacionais articuladas com as transnacionais. Por isso h que se dar um golpe na democracia, sob qualquer forma, para assim liberar o caminho para a acumulao dos endinheirados. As polticas do vice-presidente Temer visam um desmonte completo das polticas sociais do governo Lula-Dilma. O Ministrio de Desenvolvimento Agrrio foi extinto. A Secretaria da Economia Solidria um departamento, chefiado por um policial.
Mas onde h poder, surge tambm um anti-poder. Por todos os lados no mundo esto se reforando as resistncias ao capitalismo insustentvel que no consegue mais dar certo sequer nos pases centrais.
neste contexto, como antdoto, que entra a agroecologia, a produo orgnica e o surgimento de cooperativas agrcolas sem pesticidas e transgnicos.
Entre os dias 27 e 30 de julho de 2016 ocorreu em Lapa-Paran a 15 Jornada de Agroecologia, reunindo mais de trs mil participantes de diferentes regies do Brasil e de outros sete pases. A tema central era a preservao das sementes crioulas, criando bancos e casas de sementes contra o assalto das grandes corporaes, como a Monsanto e a Syngenta entre outras. Estas procuram tornar estreis as nativas para obrigar os camponeses a comprar suas sementes geneticamente modificadas que no podem mais ser replantadas.
Sabemos que as sementes constituem um bem comum da humanidaade e no podem ser apropriadas por grupos privados. O o s sementes estabelece um direito humano bsico, ferido pelas poucas transnacionais que controlam praticamente todas as sementes. Para que a vida continue a reproduzir-se fundamental defender a riqueza ecolgica, patrimonial e cultural das sementes. Curiosamente, Cuba ocupa, na agroecologia, o primeiro lugar no mundo e na criao de cooperativas em todos as esferas. a forma pela qual o socialismo evita ser absorvido pelo capitalismo individualista e concentrador.
Era comovente assistir na “mstica”final da Jornada, a troca de sementes e de mudas de plantas entre todos os presentes. Havia muitas crianas, jovens, indgenas, homens e mulheres que lutam pela vida s para todos, contra um sistema anti-vida. Eles carregam a esperana de que o mundo pode ser sadio e melhor.
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