O destino de Eike Batista nos faz pensar - Jornal Cruzeiro do Vale 3h4cp

O destino de Eike Batista nos faz pensar 6e231g

01/02/2017 67111o

No podemosjulgar as pessoas, pois o julgamento cabe somente a Deus. Mas podemos julgar comportamentos porque so realidades objetivas epodem ser encontradas em outras pessoas e em outras culturas.

Parece-nos evidente que o comportamento de Eike Batista se revestia de no pouca arrogncia a ponto de pretender tornar-se a pessoa mais rica do mundo. Chegou a estar entre os dez mais opulentos do planeta. Para isso abriu inmeras frentes de enriquecimento, colocando nelas a sigla de seu nome com um X significando a multiplicao: EBX. Mas o comportamento arrogante fez falir grande parte de suas empresas e o arruinou como empresrio. Por fim acabou preso sob acusao de corrupo, fraudes e lavagem de dinheiro.

Para esclarecer este tipo de comportamento e as consequncias sombrias que pode trazer vem-me memoria uma fbula da cultura alem (Eike possua tambm nacionalidade alem), transmitida por Philipp Otto Runge,um simples pintor do sculo XIX.

Trata-se do que aconteceu com um pobre casal de pescadores que perdeu o sentido da medida e dos limites. Vou traduzi-la do alemo gtico.

“Um certo casal vivia numa choupana miservel junto a um lago. Todo dia a mulher ia pescar para poder comer com seu marido. Certa feita, puxou em seu anzol um peixe muito estranho que no soube identificar. O peixe foi logodizendo: “no me mate, pois no sou um peixe qualquer; sou um prncipe encantado, condenado a viver neste lago; deixa-me viver”. E ela deixou-o viver.

Ao chegar em casa, contou o fato ao marido. Este, muito esperto, logo lhe sugeriu: “se ele for de fato um prncipe encantado, pode nos ajudar e muito. Corra para l e tentepedir a ele que transformenossa choupana num castelo”. A mulher, relutando, foi. Com voz forte chamou o peixe. Este veio e lhe disse: “que queres de mim”? Ela lhe respondeu: “voc deve ser poderoso, poderia transformar minha choupana num castelo”. “Pois, sera atendido o teu desejo” respondeu.

Ao chegar em casa, deparou-se com um imponente castelo, com torres e jardins e o marido vestido de prncipe. ados poucos dias, disse o marido mulher, apontando para os campos verdes e para as montanhas ao longe “Tudo isso pode ser o nosso reino; v ao principe encantado e pea-lhe que nos d um reino”. A mulher se aborreceu com o desejo exagerado do marido, mas acabou indo. Chamou o peixe encantado e este veio. “Que queres agora de mim”, perguntou ele. Ao que a pescadora respondeu: “gostaria de ter um reino com todas as terras e montanhas a perder de vista”. “Pois, seja feito o teu desejo” respondeu o peixe.

Ao regressar, encontrou um castelo ainda maior. E l dentro seu marido vestido de rei com coroa na cabea e cercado de prncipes e princesas. Ambos desfrutram, por uns bons tempos, de todos os bens que os reis costumam desfrutar. Ento o marido sonhou mais alto e disse: “Voc, minha mulher, poderia pedir ao prncipe encantado que me faa Papa com todo o seu esplendor”.

A mulher ficou irritada. “Isso absolutamente impossvel. Papa existe somente um no mundo”. Mas ele fez tantas presses que finalmente a mulher foi pedir ao prncipe: “quero que faa meu marido Papa”. “Pois, seja feito o teu desejo”, respondeu ele. Ao regressar viu o marido vestido de Papa cercado de cardeais com suas vestes vermelhas, bispos com suas cruzes de ouro e multides ajoelhadas diante deles. Ambos ficaram deslumbrados. Mas ados uns dias, ele disse: “s me falta uma coisa e quero que o prncipe ma conceda, quero fazer nascer o sol e a lua, quero ser Deus”.

“Isso o prncipe encantando, seguramente no poder fazer”, disse a mulher pescadora. Mas sob altssima presso e aturdida foi ao lago. Chamou o peixe. E este lhe perguntou: “que queres, por fim, mais de mim”? Ela, trmula, falou: “quero que meu marido vire Deus”.

O peixe, estremeceu mas lhe disse: “Retorne e ters uma supresa”. Ao regressar, encontrou seu marido sentado diante da choupana, pobre e todo desfigurado”. E parce que esto l at os dias de hoje.

Mutatis mutandino algo parecido com o caso de Eike Batista?

Os gregos chamavam este comportamento dehybris, quer dizer, excessiva pretenso e arrogncia. E diziam que os deuses inexoravelmentecastigavam tal atitude. Mais humilde foi de So Francisco que dizia: “desejo pouco e o o pouco que desejo pouco”.

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Indianara Schmitt

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