Leonardo Boff - Jornal Cruzeiro do Vale f5615

Por Leonardo Boff 5c1w48

26/04/2019 3t694j

Vivemos no Brasil bolsonariano e no mundo afora tempos de ira e de dio, fruto do fundamentalismo e da intolerncia como se viu em Siri Lanka onde centenas de cristos foram assassinados no momento em que celebravam a vitria do amor sobre morte na festa de ressurreio.

Este cenrio macabro nos faz renovar a esperana de que, apesar de tudo, o amor mais forte do que a morte.

A palavra amor foi banalizada. amor daqui amor da, amor em todos os anncios que apelam mais para os bolsos do que para os coraes. Temos que resgatar a sacralidade do amor. No dispomos de um nome melhor ou maior para imaginar a ltima Realidade, Deus, seno dizendo que ela amor.

Precisamos inovar nosso discurso sobre o amor para que sua natureza e amplitude resplandea e nos acalente. Para isso, importa incorporar as contribuies que nos vm das vrias cincias da Terra (Fritjof Capra), especialmente da biologia (Humberto Maturana) e dos estudos sobre o processo cosmognico (Brian Swimme). Mais e mais fica claro que o amor um dado objetivo da realidade global, um evento feliz da prpria natureza da qual somos parte.

Dois movimentos, entre outros, presidem o processo cosmognico e biognico: a necessidade e a espontaneidade. A necessidade est em funo da sobrevivncia de cada ser; por isso um ajuda o outro, numa rede de relaes includentes. A sinergia e a cooperao de todos com todos constituem as foras mais fundamentais do universo, especialmente, entre os seres orgnicos. a dinmica objetiva do prprio cosmos.

Junto com essa fora de necessidade comparece tambm a espontaneidade. Seres se relacionam e interagem por pura gratuidade e alegria de conviver. Tal relao no responde a uma necessidade. Ela se instaura para criar laos novos, em razo de certa afinidade que emerge espontaneamente e que produz o deleite. o universo do surpreendente, do fascnio, de algo impondervel. o advento do amor.

Esse amor se d desde os primeirssimos elementos basilares, os quarks, que se relacionaram para alm da necessidade, espontaneamente, atrados uns pelos outros. Surge um mundo gratuito, no necessrio mas possvel, espontneo e real.
Desta forma, irrompe a fora do amor que pera todos os estgios da evoluo e enlaa todos os seres dando-lhes estremecimento e beleza. No h razo que os leve a se comporem em laos de espontaneidade e de liberdade. Fazem-no por puro prazer e por alegria de estarem juntos.

Trata-se do amor csmico que realiza o que a mstica sempre intuiu: vigncia da pura gratuidade. Diz o mstico Angelus Silesius: “A rosa no tem por qu. Ela floresce por florescer. Ela no cuida se a iram ou no. Era floresce por florescer”.

No dizemos que o sentido profundo da vida simplesmente viver? Assim o amor floresce em ns como fruto de uma relao livre entre seres livres e com com todos os demais seres.

Mas como humanos e autoconscientes, podemos fazer do amor que pertence natureza das coisas, um projeto pessoal e civilizatrio: vive-lo conscientemente, criarmos as condies para que a amorizao acontea entre os seres inertes e vivos. Podemos nos enamorar de uma estrela distante e fazer uma histria de afeto com ela.

O amor urgente nos dias atuais onde a fora do negativo, do anti-amor, parece prevalecer. Mais que perguntar quem pratica atos de terror perguntar por que foram praticados? Seguramente o terror surgiu porque faltou o amor como relao que enlaa os seres humanos na bem-aventurada experincia de se abrir e acolher jovialmente um ao outro.

Digamo-lo com todas as palavras: o sistema mundial imperante no ama as pessoas. Ele ama bens materiais, ama a fora de trabalho do operrio, seus msculos, seu saber, sua produo artstica e sua capacidade de consumo. Mas no ama gratuitamente as pessoas como pessoas.

Pregar o amor e gritar: “amemo-nos uns aos outros como ns mesmos nos amamos” ser revolucionrio. ser absolutamente anti-cultura dominante.

Faamos do amor aquilo que o grande florentino, Dante Alignieri, testemunhava: “o amor que move o cu e todas as estrelas” e ns acrescentamos: o amor que move nossas vidas, amor que o nome sacrossanto da Fonte Originria de todo o Ser, Deus.

Edio 1898 e4hn

Comentrios 193p6c

Johanson Schramm
05/11/2021 11:00
Como um jornal pode dar credibilidade a esse senhor que escreve muito bonito (Pregar o amor e gritar: "amemo-nos uns aos outros como ns mesmos nos amamos") e que no fundo defende todas as atrocidades cometidas por fidel castro e guevara, assassinos contumazes???

Deixe seu comentrio n4n6x


Seu e-mail no ser divulgado.

Seu telefone no ser divulgado.

Outras colunas 6i1c

Indianara Schmitt

Indianara Schmitt

Em Sociedade